Relatos


As dores de um vício
Porto Alegre — Domingo de Páscoa, 12 de abril. Para Tobias, não fazia diferença que dia era. Não havia mais dias nem noites. A fissura provocada pelo vício do crack tornava sem sentido qualquer calendário. O crack matou o rapaz de 25 anos e marcantes olhos azuis. A droga fez a mãe apontar uma arma para o único filho. Um filho fora de controle, violento, irreconhecível, que ameaçava incendiar a casa, num bairro nobre de Porto Alegre (RS). A pedra de crack que custa apenas “cinco pila”, como dizem, até então considerada droga de periferia, de mendigo, invadiu lares da elite da capital gaúcha e fez uma de suas vítimas ser morta pela própria mãe, num momento de desespero.

Seis meses depois da tragédia, Flávia Costa Hahn, 60 anos, que chegou a ser presa, sente-se tão sem vida quanto o filho que se foi. Sente-se derrotada na luta que travou durante anos para resgatá-lo das drogas. Foram oito internações e mudanças de cidade para afastá-lo dos traficantes. Chegaram a morar em Brasília entre 2002 e 2004, quando Tobias conseguiu deixar a cocaína. Mas não adiantou. Na volta a Porto Alegre, o crack se apoderou do corpo e da alma do rapaz, que chegou a ser modelo.

Flávia recebeu o Correio em sua casa, no cenário onde teve a última discussão com o filho. Numa entrevista exclusiva, dispôs-se a falar no assunto. Foi à beira da piscina, na pérgula com vista de cartão-postal para o Rio Guaíba, numa casa de três andares que conversamos. Flávia apontou para as portas e janelas envidraçadas. “Tá vendo todos os esses vidros? Tive de trocá-los várias vezes. Ele quebrava tudo, quando queria dinheiro para comprar pedra”, relembrou.

O consumo de drogas começou aos 14 anos. A escalada de Tobias foi maconha, cocaína e crack. Flávia tinha de lidar diretamente com os traficantes que ficavam numa boca de fumo a 200m de sua casa. “Um deles usava a jaqueta do meu marido, que Tobias tinha dado em troca de crack.” Nos últimos tempos, tinha virado rotina ir ao ponto do tráfico resgatar o que o filho deixava, contou ela lançando o olhar para um tapete persa da sala de estar. “Aquele ali tive de buscar também. Eram objetos de valor financeiro e sentimental. Tobias sabia que eu iria pegar de volta”, relatou.

De príncipe a mendigo
Filho da representante comercial e de um engenheiro alemão, Tobias gostava de futebol, de Bob Marley e era gremista. Chamava atenção pela beleza, e chegou a ser convidado a fazer teste para o programa da Xuxa. Mas foi rápida a transformação do príncipe em mendigo. Envolveu-se com gangue de assaltos e roubava cartão de crédito. Tinha de ser arrastado para ser internado. A família chegava a pagar clínicas com diária de R$ 400. Batia em Flávia quando ela se recusava a dar dinheiro. Abandonou os estudos e não conseguia trabalhar. Chegava a consumir 10 pedras por dia.

Foi com o revólver .44 do marido que Flávia, numa tentativa de assustar o filho que a ameaçava, acabou fazendo o disparo fatal. Momento de que não quer mais se lembrar. Segundo relato à polícia, Manfred (o marido) tinha a arma por receio de assaltos. Por volta das 14h daquele domingo de Páscoa, Tobias, que passava grande parte das noites na boca de fumo, apareceu. Almoçou e depois chamou a mãe para a cozinha. Queria dinheiro. Flávia não quis dar. O rapaz pegou a mãe pelos cabelos e a arrastou. Ele insistia e Flávia se mantinha irredutível. Não queria mais dar dinheiro para o filho comprar crack.

Tobias quebrou louças, jogou a mãe sobre os cacos, girou os botões do fogão para liberar gás, pegou o isqueiro e ameaçou explodir a cozinha com ela dentro. Flávia fugiu e abriu o canil soltando dois cães rottweillers, tentando se proteger com os cachorros. Descontrolado, o filho pegou uma faca. Foi quando a mãe encontrou o revolver do marido, que estava no armário próximo, apenas para assustar, atirando para cima. Mas acabou pegando no pescoço do rapaz.

A Justiça ainda vai decidir por que crime Flávia responderá. Provavelmente homicídio sem intenção de matar. Pode ser ainda que o juiz entenda, mesmo que ela seja condenada, que não há necessidade de prisão devido ao já sofrimento causado pela tragédia à acusada. Flávia chegou a ser presa no dia, depois foi internada devido ao estado de choque. Hoje é acompanhada por psiquiatras e responde o processo em liberdade. “Eu queria tentar de novo. Queria mais uma chance para salvar o meu filho. Queria ele de novo, mesmo daquele jeito”, desabafa.

O único esboço de reconstrução de vida de Flávia é quando fala da vontade de ajudar a criar um centro de reabilitação de dependentes químicos, que teria o nome do filho. Hoje, ela já ajuda uma amiga do filho que também está viciada e foi expulsa de casa. E reclama das autoridades e da falta de estrutura do sistema de saúde pública para lidar com o problema. No Rio Grande do Sul, o consumo de crack é apontado como epidemia. São 55 mil usuários no estado, segundo dados oficiais. Mas estima-se que os números sejam bem maiores.

A fissura
Quando ele estava na fissura, me obrigava a dar dinheiro. Puxava meu cabelo, me empurrava escada abaixo. Tudo que podia trocava por droga. Um dia, me pediu para comprar peixe, queria comer peixe, que eu cozinhasse. Comprei salmão. Quando fui ver depois na geladeira, tinha sumido. Tobias tinha dado o peixe ao traficante, trocado por pedra. Outro dia, cheguei na cozinha e minha lava-louças não estava mais lá. Foi som, televisão, roupa, sapato. Ele virou um maltrapilho

O prejuízo
De madrugada, tinha de sair para ir a banco 24 horas, forçada. Ele já me tirou de casa ameaçando me dar soco, quando surtava me batia. Não parava à noite em casa, saía a toda hora. Perambulava. Quando não conseguia comprar a pedra, virava meia garrafa de cachaça. E não ficava tonto. Apenas ajudava a acalmar a fissura

O desespero
Um dia fiquei com raiva, fui lá, briguei com o traficante. O desespero é tanto que a gente nem sente medo. Eu sentia nojo deles. Me sentia diminuída. Mas eles se matam. Duas semanas depois que meu filho morreu, fiquei sabendo que os traficantes que vendiam as pedras para Tobias foram mortos por outros

O inferno
Começou com uma maconhazinha na escola. Eu nem sabia. Ele era carinhoso, amoroso. O inferno começou em 2006. Antes Tobias dizia: ‘Eu saí da cocaína, consigo sair do crack’. Ele se enganou. O poder do crack foi maior. Maldito crack. Fizemos essa casa para ele. Tudo perdeu o sentido

Aos pais
Os pais nunca estão sabendo, são os últimos a saber. Mas não podem perder a esperança. Não devem se entregar, considerar a luta perdida. Acho que mimei. Era meu único filho, foi planejado, desejado. Comecei a trabalhar fora e achava que ele estava em boas mãos. Dou esse depoimento porque tantos pais como eu sofrem calados com isso. Falo para não terem vergonha. Eu já tive vergonha do meu filho. Tem de enfrentar, gritar

O alerta
O governo tem de ser mais enérgico. Tem de impedir a entrada dessa droga, fiscalizar. O crack está devastando nossos jovens, uma epidemia. Até os jornalistas aqui se impressionaram. Nossa, crack nessa casa? Crack é coisa de rua, de mendigo. Não, ele está agora em todo lugar. Tobias tinha namorada, filhinha de papai aqui em Porto Alegre que consumia droga

Porto Alegre - Relato de : F.C.H.
Ética e redução de Danos
Redução de danos (RD): informações básicas.
A redução de danos age com uma proposta diferente da maioria das abordagens do uso e abuso de drogas que costumam manter o uso de drogas (lícitas e ilícitas) no lugar de marginalização proposto pelas formações discursivas hegemônicas. Enquanto algumas abordagens já exigem abstinência antes mesmo de começar o tratamento, a redução de danos se propõe antes a escutar o usuário e o uso que ele faz das drogas e, partindo disso, agir reduzindo tanto quanto possível os eventuais prejuízos que vem sendo acarretados a esse indivíduo pelo uso indevido das drogas, bem como orientá-lo no sentido de fazer um uso menos prejudicial. Desse modo, a RD não coloca os usuários em nenhum outro lugar senão no de cidadãos com direito à vida e à saúde, e estimula nessas pessoas práticas de cuidado de si para que possam efetivamente tomar seus lugares no tecido social independentemente de uma adequação à moral hegemônica abstinente. Dito de outro modo, a RD age no sentido de transformar a realidade do usuário de drogas de uma situação de margem, marcada por estigmas sociais que o prendem a um lugar de aberrância, de desviante, sujo, doente e criminoso para um lugar de cidadão com direitos, considerando-o em sua singularidade e valorizando suas escolhas.

Uma breve história da redução de danos:
A história da Redução de Danos que nos conta Caroline Brasil (BRASIL, 2003) tem como marco inicial uma decisão tomada na Inglaterra, em 1926, de utilizar opiáceos para auxiliar no tratamento de dependentes de ópio, sendo este o primeiro passo na direção da construção de uma estratégia de redução de danos. Primeiro passo porque, pela primeira vez na história moderna se vê a dependência de drogas desde uma outra perspectiva que trata a dependência como problemática complexa devendo ser abordada através de estratégias múltiplas e singulares. Muito tempo depois, nos anos 80 é que vai se retomar o movimento de revisão na maneira de enfrentar o uso de drogas. É na Holanda, com o problema da transmissão de doenças como a Hepatite B e a AIDS através de seringas compartilhadas por usuários de drogas injetáveis, que se forma uma estratégia já melhor sistematizada de redução de danos, agora através da instrução dos usuários de drogas de como se prevenir de doenças ao usar drogas e da troca de seringas apoiada pelo governo. O primeiro programa de troca de seringas do governo holandês foi implantado em 1984, e logo depois se espalhou pelo resto do continente europeu. Desde um meio de controlar epidemias até chegar a ser uma forma de evidenciar a demanda de um grupo até então marginalizado - o dos usuários de drogas, principalmente injetáveis - a RD evoluiu através de uma intensificação da força política envolvida no combate ao modelo higienista vigente, propiciada pelo espaço aberto aos usuários para se organizar e reivindicar seus direitos. A força política da RD vai se intensificando ainda mais ao longo dos anos 90 com as conferências mundiais de Redutores de Danos, realizadas anualmente em diversos países.
No Brasil, em 1998, foi criada a secretaria nacional anti-drogas (SENAD), ligada diretamente ao gabinete militar e adotando uma abordagem baseada na guerra às drogas proposta pelo governo estadunidense em 1989, em uma convenção sobre entorpecentes proposta pela ONU. Desde antes mesmo da criação da SENAD, a redução de danos no Brasil não tem muito espaço frente à política orientada para a abstinência como único caminho e objetivando a erradicação das drogas, no entanto alguns setores, como a coordenação nacional DST/AIDS já buscam uma organização maior a fim de implantar programas de RD no país desde 1989, mas é só em 1995, em Salvador (BA) que é efetivamente implantado o primeiro Programa de Redução de Danos (PRD) do país, que passa então a realizar a troca de seringas para usuários de drogas injetáveis. A partir daí a RD vai crescendo com o apoio do Ministério da Saúde e pela crescente organização dos redutores de danos e usuários de drogas em movimentos políticos até chegar hoje a um número próximo a 200 PRDs, e constituição das Associações Municipais e Estaduais de Redutores de Danos, além da constituição da formação da ABORDA (Associação Brasileira de Redutores de Danos) e a REDUC (Redução de Danos) que vêm intervindo intensamente no sentido de , a partir do fortalecimento do protagonismo entre os usuários de drogas, construir uma força política capaz de enfrentar os saberes constituídos, alterando a dinânmica das redes de poder e assim também a realidade dos usuários. Nos últimos anos a força de resistência política da RD vem aparecendo nas modificações à Lei brasileira de drogas, que caminha para uma flexibilização cada vez maior e progressivo distanciamento do moralismo, com uma maior consideração pelo direito de escolha do cidadão.

Uso dependente de drogas e a redução de danos:
Enquanto em usuários não dependentes de drogas a RD vai agir principalmente no sentido de evidenciar os riscos presentes no uso e orientar o usuário para minimizar tanto os danos físicos quanto os danos sociais relacionados ao uso de drogas, em usuários dependentes a situação torna-se mais complicada: trata-se de usuários que não têm controle sobre seu uso da substância, portanto, a ação da RD deve ser orientada no sentido de restabelecer o controle do sujeito sobre seu uso de drogas, bem como auxiliar na formulação de uma eventual demanda de tratamento, porém sem nunca deixar de tomar como base uma escuta livre de julgamentos – tanto quanto possível – da demanda do sujeito, característica fundante da RD.

Psicólogos e RD, aspectos éticos e legais:
O psicólogo, como profissional da saúde deve planejar a sua intervenção em concordância com os princípios e diretrizes do SUS (BRASIL, 1990) que regulamenta a atenção à saúde no Brasil. Essa lei garante que todo profissional da saúde deve executar a sua prática observando alguns princípios fundamentais, dentre os quais destacamos o da universalidade do acesso à saúde, que garante a todos os cidadãos brasileiros o direito à um programa de saúde. Além da universalidade, destacamos também os princípios de eqüidade e integralidade que garantem que a promoção de saúde deve considerar todos os cidadãos em sua singularidade, respeitando-se as inclinações e diferenças entre cada um. Além disso, o código de ética profissional do psicólogo prevê, em seus princípios fundamentais, que o psicólogo deve promover a saúde respeitando a liberdade, a dignidade e a integridade do ser humano, contribuindo assim para eliminar a negligência , a discriminação, a exploração, a crueldade e a opressão. Desse modo, não há nenhuma discrepância entre a observância à lei da saúde no Brasil e a prática do psicólogo pautada nos moldes da RD, visto que a redução de danos pode ser vista como uma postura ética que visa a um empoderamento dos sujeitos e que pretende possibilitar uma reflexão a respeito dos jogos de verdade presentes nas estruturas de poder formadas na sociedade, ao invés de simples aceitação de um poder imposto hierarquicamente. Apesar disso, ainda há se encontra algumas dificuldades na prática dos redutores de danos devido à incoerência entre a forma como o uso de drogas é visto pelo código civil brasileiro (BRASIL, 2006) e a postura ética dos profissionais, em observância aos princípios do SUS. A lei de drogas, no artigo 20, prevê um espaço para a RD como prática de atenção aos usuários de drogas, porém concordância dessa mesma lei com o discurso jurídico-moral de abstinência, explicitada no artigo 33, que trata dos crimes associados às drogas, torna mais difícil a redução dos danos sociais associados ao uso de drogas, já que continua a tratar o usuário como delinqüente, assim abrindo caminho para a marginalização desse mesmo. Essas dificuldades têm ainda de ser trabalhadas e superadas, e o trabalho dos redutores de danos também é orientado nesse sentido, ao passo que estimula nos usuários de drogas a conscientização de seu papel de cidadãos brasileiros com direitos, e buscando uma mobilização e melhor organização deles, tenta possibilitar que seus interesses sejam representados e ouvidos nas instâncias decisórias do país

CRACK NEM PENSAR

RELATO DE UM EX-USUARIO DE DROGA

O USO DE DROGAS (Depoimento emocionado de Luiz Fernando Veríssimo)

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo, chegou com aquele papo de experimenta, depois quando você quiser é só parar..." e eu fui na dele.Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", da terra, que não fazia mal e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho e Xororó e em seguida um do Leandro e Leonardo. Achei legal, uma coisa bem brasileira. Mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "amigo" e acabei comprando pela primeira vez. Lembro que cheguei na loja meio constrangido e pedi: Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano.
Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... Banda Eva, Cheiro de Amor, Netinho, etc. Com o tempo, meu amigo foi me oferecendo coisas piores... o Tchan, Companhia do Pagode e muito mais. Após o uso contínuo, eu já não queria saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer os quadris como eu nunca havia mexido antes. Então, meu amigo me deu o que eu queria, um CD do Harmonia do Samba. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, razão do meu existir. Pensava só nessa parte do corpo, respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais...
Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show e ao encontro dos grupos Karametade e Só Pra Contrariar e até comprei a Caras que tinha o Rodriguinho na capa. Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro. Meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra, entrei para um grupo de pagode. Enquanto vários outros viciados cantavam uma música que não dizia nada, eu e mais outros 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a Coletânea "As melhores do Molejo". Foi terrível! Eu já não pensava mais!!!
Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas miseráveis e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir.
Cheguei ao fundo do poço, ao limiar da condição humana, quando comecei a escutar popozudas, bondes, tigres, MC Serginho, Lacraias, creu, motinhas e tapinhas. Comecei a ter delírio e a dizer coisas sem sentido e quando saía à noite para a balada, pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas que queriam me mostrar o caminho das pedras Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: Ki-Kokolexo.
Hoje estou internado em uma clínica de recuperação. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de MPB, Bossa-Nova, Rock Progressivo e Blues. Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao Jazz, e até mesmo a Mozart, Beethoven e Bach.
Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam a visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado, alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável, distante. Vai perder as referências e definhar mentalmente.
Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:
Não ligue a TV no domingo à tarde; Não entre em carros com adesivos "Fui.....";
Se te oferecerem um CD, procure saber se o indivíduo foi ao programa da Hebe e ou ao Domingo Legal do Gugu; Mulheres gritando histericamente são outro indício; Não compre um CD que tenha mais de 6 pessoas na capa; Não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados;Não compre nenhum CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no Brasil, e... Não escute nada em que o autor não consiga uma concordância verbal mínima.

A vida é bela! Eu sei que você consegue! Diga não às drogas!

(Luiz Fernando Veríssimo

Diga não ao crack. Diga sim a VIDA.


Crack

O crack deriva da planta de coca, é resultante da mistura de cocaína, bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, resultando em grãos que são fumados em cachimbos.
O surgimento do crack se deu no início da década de 80, o que possibilitou seu fumo foi a criação da base de coca batizada como livre.

O consumo do crack é maior que o da cocaína, pois é mais barato e seus efeitos duram menos. Por ser estimulante, ocasiona dependência física e, posteriormente, a morte por sua terrível ação sobre o sistema nervoso central e cardíaco.

Devido à sua ação sobre o sistema nervoso central, o crack gera aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação, maior aptidão física e mental. Os efeitos psicológicos são euforia, sensação de poder e aumento da auto-estima.

A dependência se constitui em pouco tempo no organismo. Se inalado junto com o álcool, o crack aumenta o ritmo cardíaco e a pressão arterial o que pode levar a resultados letais.